O ELEFANTE AFRICANO

O Elefante Africano



Loxodonta africana é um animal bem menos dócil do que o seu primo asiático. Sua domesticação é bastante problemática, apesar de não ser impossível: o general cartaginês Aníbal usou elefantes africanos para atravessar os Alpes, em direção à Europa. Mas cinqüenta deles morreram antes da partida, 37 na travessia do rio Ródano, oito depois de passados os Alpes. No Zaire, atualmente, a arte da domesticação do elefante africano foi recuperada: consegue-se fazer o bicho prestar os mesmos serviços de que a espécie indiana é capaz.

O elefante africano tinha mesmo de ser uma criatura difícil. É maior do que o asiático - ultrapassa os 3 metros de altura e, não raro, chega a 4 metros; pesa de 5 a 7,5 toneladas. E no geral é menos dócil, embora inteligente.

Bill Ryan, caçador que estudou os elefantes por mais de 40 anos, contava a história de um bando deles que costumava invadir o jardim de um de seus acampamentos permanentes. Para evitar a invasão, Ryan mandou eletrificar a cerca, ligando os fios de arame ao gerador da casa.

Não adiantou nada: nas noites seguintes, os elefantes descobriram que a cerca deixava de dar choque a partir do momento em que as luzes do acampamento se apagavam, quando o gerador era desligado. A primeira tentativa de Ryan foi deixar o gerador ligado a noite inteira. Mas isso também não deu resultado: os grandalhões descobriram que suas presas não eram condutoras de eletricidade, e com elas podiam derrubar a cerca sem levar choques. Eles só se afastaram quando o caçador passou a espantá-los com tiros de pólvora seca, disparados por guardas.

A ação dos caçadores, entre outras coisas, acabou delimitando as áreas em que os elefantes africanos viviam. Há mil anos ou mais, eles ocupavam a África inteira, menos as zonas de deserto. Ao tempo das grandes descobertas, eram bem conhecidos ao sul do Saara e no médio Nilo. Com a colonização - que instituiu o comércio do marfim e, por conseqüência, trouxe os caçadores - eles estiveram à beira da extinção. Hoje, estão na África ocidental e, especialmente, na África meridional, protegidos em parques nacionais e reservas próprias. São mais de 350 mil.

Apesar do número elevado, são reconhecidas apenas três subespécies: o Loxodonta africana cyclotis, ligeiramente menor e de presas pequenas, que vive nas florestas da África ocidental; o L. africana oxyotis, o maior mamífero terrestre, com orelhas grandes e triangulares e pressas curvadas para cima, que habita as savanas; e uma terceira subespécie, o L. africana knochenhauer, com sutis diferenças em relação às outras duas espécies.

Nenhuma dessas subespécies, no entanto, está ameaçada de extinção. Como o número de elefantes é grande, a taxa de reprodução é também alta, sendo facilitada pela ausência absoluta de predadores naturais e pela existência de parques exclusivos, instituídos extamanete para evitar que eles fossem caçados até se extinguirem.

No Quênia, no Parque Nacional Tsavo, por exemplo, vive um dos maiores grupos de elefantes africanos, cerca de 20 mil indivíduos. Hoje, por estarem praticamente confinados em área relativamente pequena, os elefantes do Tsavo causam problemas à vegetação e aos outros animais; na época das secas, comem tanto que chegam a provocar a morte de 50% dos rinocerontes da área, por desnutrição. Um tempo depois, decidiu-se recorrer ao abate seletivo da população de elefantes excedente à capacidade do parque.