Os Gigantes
Com sua tromba ágil e musculosa, o elefante apanha comida, leva água à boca, abre caminho na mata, castiga seus filhotes quando eles exageram nas estripulias, e realiza inúmeras tarefas surpreendentes para um animal com o seu tamanho. Mas, quando é necessário, a tromba transforma-se em arma mortal.
Quando a noite cai nas pradarias africanas ou nas florestas da Índia, pequenas fortunas deslocam-se em grupos. São dezenas de toneladas de material precioso, carregadas por 100 e até 200 indivíduos calmos, bonachões, que vão fazendo seu próprio caminho com determinação. São enormes mas delicados, fortes mais cuidadosos, cheios de dignidade: os elefantes. Nesses momentos, os caçadores humanos - praticamente seus únicos inimigos - fazem as contas do valor de todo aquele marfim.
No dia seguinte, depois de uma perseguição de até 80 quilômetros, os caçadores os interceptam. Mesmo assim, podem esperar bastante tempo até conseguirem pegar um desses animais enormes e tirar-lhe as presas.
Em cada tentativa bem sucedida, podem conseguir até 180 quilos de puro e valioso marfim. Mais tarde, distribuido por todo o mundo, esse marfim será transformado em estatuetas, jóias, objetos de arte, teclas de piano. Inutilidades, se comparadas ao uso que os donos originais fazem de suas presas: revolver a terra para desencavar raízes, parte de sua alimentação.
Os elefantes (ordem Proboscidae, família Elephantidae), assim como a maioria dos animais, não matam para comer. São vegetarianos - e têm um apetite imenso. Precisam alimentar-se durante dezesseis horas por dia para conseguir a quantidade necessária de comida, entre 250 e 320 quilos de folhas, frutos e raízes. O que corresponde mais ou menos a 1 quilômetro quadrado de vegetação rala. Além disso, precisam beber de 110 a 190 litros de água por dia - sem falar na água do banho.
É por isso que eles precisam viajar sempre. Poderiam até ficar mais tempo em cada lugar, mas seu hábito alimentar faz com que, em condições normais, eles nunca dizimem a vegetação de cada ponto de parada. Quando se mudam, deixam boas partes das folhas e plantas para que os outros animais se alimentem.
Viajam à noite porque a temperatura é mais facilmente suportável. Vão em busca de água, árvores e novas postagens com uma pressa difícil de imaginar em um elefante: 30 quilômetros por hora (os asiáticos, menores, fazem até 40 quilômetros por hora).
Os machos vão na frente, sem se importar com as fêmeas, que vão ficando para trás, acompanhando os filhotes. Os pequenos elefantes não conseguem andar mais depressa do que 15 quilômetros por hora. Pela manhã, no entanto, por um mecanismo de orientação e comunicação não muito bem conhecido, todos eles se encontram em uma nova pastagem.
Têm necessidade de poucas horas de sono - cerca da metade do que precisa um homem -, e jamais se deitam durante a idade fértil. Somente os muito moços ou os muito velhos deixam-se cair no chão, para descansar. Um elefante passa até 40 anos sem se deitar.
Em algumas coisas, são bem parecidos com os seres humanos. Houve até quem dissesse, brincando, que no dia em que a humanidade desaparecer, os elefantes poderiam tomar o seu lugar - com as mesmas qualidades, organização, paixões e vícios.
O "perfeito de Paraa", por exemplo, era alcoólatra. Chamavam-no assim porque habitava o Parque Nacional das Cataratas de Murchison, em Paraa, na África, e dominava a região com suas cinco toneladas. Parecia considerar o lugar como seu reino e adorava pombe, uma aguardente local feita de bananas fermentadas.
Fazia qualquer coisa pela bebida. Arrancava telhados de cabanas, revirava automóveis, assustava turístas. Embriagado, saía pela vila cambaleando, piscando os olhos e parando, amavelmente, para se deixar fotografar.
A grande maioria, porém, não perde a dignidade nem a disposição para o convívio social. Quando a manada pára nos pontos de pastagem é comum ver algumas fêmeas tomando conta dos filhotes de outras, para que estas possam se alimentar e beber com mais tranquilidade. Os mais velhos (o elefante pode vive, no máximo, 70 anos) e os doentes geralmente retiram-se do grupo principal e constituem sua própria manada. Com eles vão alguns elefantes jovens, que lhes fornecem ajuda para procurar comida e proteção contra outros animais. Quando estão quse à morte, esses velhos e doentes procuram lugares calmos, protegidos de ataques, onde possam conseguir água e comida com facilidade. Os mais jovens continuam afugentando os predadores por mais algum tempo, e depois partem. Os mortos ficam por ali, o que deu a falsa impressão de que existiriam "cemit;erios de elefantes".
Morrem também por ataque de caçadores, e nunca por ataque de outros animais, que os respeitam. Os cães selvagens às vezes se arriscam ao confronto direto. Nessas ocasiões, o elefante enrola sua tromba sob o queixo, pronto para a defesa, e geralmente limita-se a olhar do alto para o cão, um animal ousado mas insignificante. Depois de algum tempo, o atacante se cansa e vai embora. O elefante permanece impassível.
Mas o seu maior inimigo é mesmo o homem, de quem nunca esquece o cheiro, graças a sua memória, de fato fantástica. Dizem os nativos da África e da Ásia que um elefante é capaz de reconhecer a presença de um homem a 5 quilômetros de distância - e diferenciá-los, se brancos ou negros, o que determina a arma de ataque, rifles ou lanças. Pode distinguir, também, um ser humano amigo, com sua sensível tromba.
Mas o seu maior inimigo é mesmo o homem, de quem nunca esquece o cheiro, graças a sua memória, de fato fantástica. Dizem os nativos da África e da Ásia que um elefante é capaz de reconhecer a presença de um homem a 5 quilômetros de distância - e diferenciá-los, se brancos ou negros, o que determina a arma de ataque, rifles ou lanças. Pode distinguir, também, um ser humano amigo, com sua sensível tromba.
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